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Ela o via, aquela boca entre aberta encostada no travesseiro
quase babando de tanto sono, estava cansada, todavia acordou mais cedo que ele.
Ela sabia que ele precisava descansar a rotina daquele escritório;
Recepcionista e Secretária, sedutora; 3 Colegas, um casado pela 2ª vez, um
divorciado, um “solteiro” e todos homens; Chefe, alcoólatra. Não é necessário
dizer que para ela aquilo era um inferno. “Você tinha que trabalhar logo lá?”
“eu já disse, não gosto do jeito que a Susana te olha”.
Ele acordara.
- bom dia minha luz do amanhecer.
Ela pensava - sempre diz isso, ou coisas melhores, parece ter
tido um sonho lindo, será que sonhou comigo, vou logo perguntar- e assim...
- Bom dia meu amor, sonhou comigo?
Ele tentava raciocinar, pois apagara e não sonhara nada, mas
por amor a ela pensou numa resposta que a agradasse.
- Não há sonho melhor que a certeza de acordar com você ao
meu lado
Ela não aguentou, o beijou, não tinha o que falar, ele era e
sempre será seu príncipe encantado. Tinha preparado o café antes, estava
somente esperando ele acordar.
Sabia que ele não tinha talento para palavras, ficou tão
satisfeita com o que lhe dissera, era quase um milagre. Tinha ciúmes, quem não
tem?, não gostava da secretária, mas tinha confiança, ele nunca lhe dera
motivos, entretanto quando havia briga entre ambos ele fazia de tudo para ter a
razão e ela apelava para os sentimentos, clássico.
Ela trabalhava em casa, não somente cuidava do lar, ele tinha
um bom salário e ela somente tinha que gerir as poucas que a diarista fazia uma
vez por semana ou menos, com o tempo livre, que não seria tempo livre para a
maioria das mulheres comuns com esses privilégios, pois a mulher comum gastaria
fazendo compras, indo ao salão e fofocando, ela não era assim, matava o ócio
com o ócio digno, escrevendo um livro.
Bem, na verdade depois que começou a
fazer academia no próprio prédio onde morava decidiu fazer algo que suprisse o
tempo que ganhara não indo ate uma academia mais longe.
Um livro, não é fácil fazer, principalmente quando você não
tem certeza que tem o dom da escrita, o pior é depender de algo, um fato para
apoiar um enredo, enfim, é complexo, ninguém, somente um maluco muito doido e
com um dom extraordinário consegue se inspirar em uma cena romântica e de
felicidade quando está passando por uma depressão. Ela não era assim, então se
pode afirmar que o livro dela era um romance bem meloso de tititi pra cá e
chuchuchu pra lá. Não é necessário dizer, mas digo; ela colocou a frase do
marido no livro.
Ele não importava, com o livro, se importava com a felicidade
dela, apesar de não gostar muito quando ela pega os manuscritos para pedir a
opinião. Tentava, mas não podia resistir àqueles olhos de carência. O amanhecer
partira, ele já também ira ao trabalho. Nesse dia, ela procurava se concentrar
no livro tinha que encaixar aquela frase de algum jeito...
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