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sexta-feira, 12 de junho de 2015

CONTO Nº5 - A PROPOSTA [Contos Incompletos]




Eu me considerava um cara de sorte. Namorava a garota mais linda do mundo, inteligentíssima, universitária(cursava Letras na Universidade Federal), falava quatro idiomas fluentemente, para completar o pacote, era música e sabia tudo de literatura.

Tínhamos tanto em comum que eu chegava a me assustar às vezes, desconfiava seriamente de que o meu pai, num momento de fraqueza carnal, talvez tivesse pulado a cerca e ela era mina irmã, coisa louca da minha mente. Não conseguia acreditar que aquela garota, a minha atual namorada, fosse providência divina.

 Víamos-nos duas vezes na semana, muito pouco para um casal tão apaixonado como nós, mas devido à vida corrida de ambos, era o que dava para fazer.

Íamos para o décimo mês de namoro, eu a amava muito, não conseguia me imaginar sem ela, tinha a certeza de que o esse sentimento era recíproco.

Decidi adiantar o nosso futuro. Muito certo do que eu queria, peguei uma parte das minhas economias e comprei um anel, o mais bonito de todos, segundo a atendente da loja.

Marquei um jantar romântico com a minha amada, eu mesmo cozinhei, até que o fazia bem, modéstia parte. Fiz o seu prato favorito, strogonnoff de camarão.

Estava ansioso, não sabia se escondia o anel de noivado no bolinho de sobremesa ou se o escondia na bandeja, assim que ela levantasse a tampa tcham-ram! eu a pediria em casamento.

Não preciso dizer que as coisas não saíram como eu esperava, ensaiei o que dizer em frente ao espelho, mas na hora da verdade, a gente acaba improvisando, ou melhor, torcendo pra ser bom no improviso.

Se sentados à mesa, jantando a luz de velas, estávamos a minha amada e eu, vi em seu rosto que ela comia com prazer, nunca vi alguém tão apaixonada por camarão! Terminamos o jantar, recebi o merecido elogio, fomos para a varanda.

 A lua estava linda, parecia maior que o comum, no bolso da minha calça tinha uma caixinha, esperando a hora certa para ser retirada. Não sabia como fazê-lo, nessas horas batem uma insegurança, “e se ela me disser ‘não‘?”, só conseguia pensar nisso. Será que isso acontecia com todos os homens ou era só comigo?

Ela se inclinou um pouco na varanda para ver melhor a lua, eu tinha de aproveitar aquela oportunidade. Sem pensar duas vezes, peguei a caixinha do meu bolso com a mão esquerda, meio desajeitado, e com a direita virei o rosto dela pra mim.

A cara de surpresa dela fez acelerar ainda mais o meu, já bastante acelerado, coração. Por um instante senti as palavras sumirem da minha boca. Respirei fundo, não podia ‘dá pra trás’. Abri a caixinha, a luz da lua refletiu no anel, eu queria dizer alguma coisa bonita, mas o que saiu foi uma sequencia muito acanhada de palavras, me recordo como se tivesse acabado de dizê-las: “ Cecília, eu te amo demais, tenho a certeza de que o meu futuro só terá sentido se for com você, quero caminhar ao seu lado por toda a eternidade, construir com você uma vida bonita,cheia de amor e alegria. Você aceita, Cecília, ser para sempre o meu bem querer, a minha amada imortal, a mãe dos meus filhos, a única mulher em minha vida, aceita?”.

Falei isso olhando bem dentro dos olhos dela, a cada palavra dita, a minha amada se desmanchava em lágrimas, cheguei a pensar que talvez estivesse falado alguma besteira. Mas depois percebi que aquelas lágrimas eram de felicidade. Minha amada se jogou em meus braços e me beijou como nunca. Aquele ato foi um autêntico sim! Ela me disse sim, com todas as letras, em todas as línguas possíveis, um sim! Gesticulado, cantado, dançado, chorado! Um sim! O melhor presente da minha vida!

Noivamos, queríamos nos casar o quanto antes, mas nossos pais nos fez esperar, marcamos o casamento para dali a um ano. Estávamos muito felizes, compramos todo o enxoval, alugamos nosso pequeno apartamento, demos entrada no nosso carro.

O grande dia chegou. Igreja lotada, meu coração aos galopes, minha amada noiva, e futura eterna mulher, estava lindíssima, entrou na igreja com passos apressados, como quem tivesse medo de que tudo aquilo fosse um sonho e acabasse acordando a qualquer hora sem ter me dito o “sim” no altar.

Depois da festa, seguimos para o aeroporto, pegamos o voo...

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